sexta-feira, 10 de abril de 2009

Aula do dia 03/04

Na aula do dia 03/04, abordamos aspectos referentes à modernidade X pós-modernidade, buscando definições para o momento em que vivemos. Dentre as discussões da turma e a apresentação feita pelo professor, trazemos nossos apontamentos sobre o assunto


'Se o ano 200 era "o futuro" para a geração do começo deste século, o "aqui e agora" é a única saída para a geração do século que começa. Aqui vivemos a globalização do local e a localização do global' (LEMOS, André)


Onde se localiza a rua da foto acima? As marcas nos são conhecidas e as luzes estão presentes na maioria das grandes metróploes da atualidade. Nova Iorque, Paris, Milão, Tóquio, São Paulo... por que essa mesma rua pode ser encontrada em qualquer uma dessas cidades? Acreditamos que pensar sobre isso é necessário para que compreendamos parte da citação de Lemos: a globalização do local e a localizção do global.
Com a globalização, divergências culturais diminuem: se formos ao Japão, por exemplo, não precisaremos nos alimentar apenas com pratos da culiária local, é só procurar por um estabelecimento de alguma rede de fast-food. Mas até que ponto isso é bom? Será que estamos nos encaminhando para uma sociedade 'híbrida'?
Não vemos ainda comunidades sem particularidades e sem costumes característicos. Mas, na velocidade do mundo atual, possível que isso ocorra. Por essa velocidade e 'deslocalização', nos perguntamos: estamos então na chamada pós-modernidade?

O advento das tribos
A partir de certo momento histórico, o indivíduo sentiu a necessidade de deixar o individualismo para se juntar em grupos. Pessoas com o mesmo objetivo, projeto político ou gosto musical passaram a se agrupar cada vez mais para ganhar força e voz dentro da sociedade. Primeiramente, antes do surgimento e popularização da internet e dos grupos e comunidades virtuais, essas tribos eram bem diferenciadas entre si, e era fácil perceber quem pertencia a qual tribo. Quase todas elas eram envolvidas em algum projeto social ou político: lutavam por um ideal e faziam sua voz ser ouvida. Dessa maneira, os membros de grupos diferentes eram até mesmo vistos como “rivais”, pois normalmente lutavam por uma causa oposta.

Agora, com a internet cada vez mais inserida na vida do sujeito pós-moderno e, especialmente do jovem, esses grupos passaram a existir em maior número e, alguns deles, com bem menor repercussão. As tribos formadas virtualmente oferecem a vantagem de unir pessoas com mesmos gostos e preferências de diferentes lugares do mundo em um mesmo ciberespaço, além de facilitar que essas pessoas descubram umas às outras. Muitas delas ainda se reúnem para lutar por um ideal político, social e, mais recentemente, ambiental. Porém, o que percebemos é um menor engajamento por parte de alguns desses grupos, que parecem se unir mais para inserir em si mesmos rótulos/etiquetas do que para atingir um objetivo coletivo. Outra diferença dessas “novas tribos” para aquelas que existiam outrora é que não é mais tão simples identificar os participantes de cada uma. Além disso, cada indivíduo pode se unir a muitas delas ao mesmo tempo: um exemplo disso é o Orkut, o site de relacionamentos em que muitas pessoas participam de centenas de comunidades sem realmente participar.




Recentemente, a Folha de São Paulo publicou uma pesquisa realizada pela Datafolha, a qual intitulou ‘Jovem Século XXI’. Nela, foram apontadas as crenças e ideais dos jovens brasileiros. Destacamos um dos itens: a participação social. A Folha constatou que há envolvimento em diversas atividades simultaneamente, porém sem real dedicação a nenhuma.
Retomamos, então, a frase de Lemos: será que o ‘aqui e o agora’ é de fato a única saída para o nosso mundo pós-moderno?


Referência: LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002.

Observação: a pesquisa completa Jovem Século XXI possui acesso restrito a assinantes da Folha em sua versão online. Alguns dados podem ser conferidos em:http://observatoriojuvenildovale.blogspot.com/2008/08/pesquisa-datafolha-jovem-sculo-xxi.html

Ângela Camana e Fernanda Nicolao Mattei


14 comentários:

  1. o texto das colegas é bastante válido na medida em que ressalta os principais pontos discutidos em aula referentes ao sujeito pós-moderno. de fato, o advento das tecnologias - sobretudo a internet - em muito facilita nossa vida. porém, é necessário que questionemos, de maneira crítica, até que ponto essa tecnologia traz benefícios. de fato, a alta velocidade com que as informações chegam até nós, a possibilidade de conhecermos pessoas, lugares, culturas, dos mais diversos lugares, sem a necessidade de sair de casa, entre outros pontos interessantes, são benefícios louváveis advindos da globalização - a qual tem como principal símbolo, ao meu ver, a internet. esse encurtamento espaço-temporal, em tese, aproxima as pessoas, os diferentes povos, as diversas culturas. o fato de possuirmos, em nossas mãos, a possibilidade de lutarmos pelos nossos direitos e nossos ideais, enfim, de transformar nossa realidade - uma vez que temos uma ferramenta como a internet que, em certa medida, democratiza os saberes -, via de regra nos tornaria mais participativos, agentes sociais. porém, o que ocorre é que os indivíduos parecem querer apenas adotar um "rótulo", de parecer ser em vez de demonstrar ser.achei o exemplo das comunidades do Orkut bastante ilustrativo dessa realidade. quantos Orkuts vemos por aí lotado de comunidades com títulos eticamente corretos, mas sem atividade permamente de seus membros? na minha opinião, o sujeito de nossa época preocupa-se demais com a sua imagem diante dos outros do que com sua essência. preocupa-se demais em querer mostrar aquilo que gostaria de ser do que buscar sê-lo. a sensação que sinto é de que, conforme nos tornamos mais dependentes das tecnologias modernas, encaminhamo-nos para uma sociedade medíocre, onde fingimos que somos sujeitos ativos, mas que, na verdade, estamos cada vez mais acomodados. saliento que não sou contra o uso da Internet, mas contra o mau uso da mesma, pois ela consiste em uma ferramenta que muito tem a contribuir para a sociedade, quando utilizada de forma inteligente.

    Camila Cesar

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  2. A internet facilita em muito a vida do sujeito pós-moderno, principalmente no que diz respeito à facilidade em interagir com pessoas ou instituições sem que precise sair de casa ou do trabalho. É onde pessoas diferentes, de diversos lugares do mundo, podem se "encontrar" e trocar idéias, experiências de vida, aprender sobre outras culturas e outros idiomas, etc.
    Os sites de relacionamentos, dentre os quais o mais famoso é o Orkut, são o melhor exemplo disso. Primeiramente visto como novidade genial, passou a vilão, quando muitos grupos de pessoas trocavam informações preconceituosas ou perigosas nos fóruns das comunidades. Por causa dessa má fase e mau comportamento dos usuários, muita gente o abandonou, excluíu seus cadastros. Concordo com a Camila neste ponto. Na mesma medida que uma pessoa pode ter maior participação em assuntos sociais que lhe interessem, também pode ter uma maior participação em difamações, desrespeito, e até mesmo crimes ao se posicionar contra ou a favor de certos assuntos. Este assunto foi muito abordado na mídia há algum tempo, ilustrado por casos de pedofilia, difamação, até mesmo homicídios e suicídios. Porém, o Orkut hoje parece ter se tornado mais seguro. Seu foco não está mais somente nas pessoas e na vida social delas, mas também em informações, em comunidades, sobre diversos assuntos, desde receitas culinárias até informações sobre eventos. Atualmente têm surgido diversos sites de relacionamento focados na vida profissional das pessoas (Via6), ou em suas preferências musicais (Last.fm), ou com formato mais parecido com o de um blog (MySpace, muito utilizado por bandas e músicos que querem divulgar seu trabalho) e inclusive especializados em relacionamentos amorosos, como o Match.com.
    Além de outros sites de relacionamentos menos famosos, mas com a mesma proposta: conectar pessoas do mundo todo através de assuntos em comum.

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  3. A resenha parece-me interessante. Aborda o que foi discutido em aula acerca do que seria o dito sujeito pós-moderno, com suas tribos, suas telepresenças, seu presenteísmo. Acho todas essas características contestáveis enquanto perfeitamente distintivas de uma pós-modernidade; nenhuma delas é de fato nova (no sentido "pós-moderno"), são no máximo imbuídas de outros significados pela sociedade e pelos pesquisadores (e não falta aqui uma boa dose de mistificação no que diz respeito a como as entendemos). Seria um bom exercício de ceticismo, aliás, não se ater só ao que é próprio de nosso tempo, pensando que o que somos resulta de um contexto absolutamente único - percebi muito isso nas discussões em aula (especialemente na última).

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  4. A resenha é bem ilustrativa e levanta diversas reflexões importantes, como a hibridização da sociedade e se estamos ou não na era da pós-modernidade. A meu ver o conceito e a vivência da era da pós-modernidade são bem questionáveis , visto que não há um consenso no mundo acadêmico referente a essas questões. Acho que atualmente os limites entre moderno e pós-moderno não estão bem delineados, estamos vivendo um momento transitório a um suposto mundo “pós-moderno”, no qual ainda não superamos todas as instituições da modernidade.

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  5. Não sei quanto a vocês, mas sempre eu que viajo a países exóticos tipo... Afeganistão, índia e, o meu favorito, Tailândia eu me sinto mais seguro quando vejo um Mcdonald´s ou, o meu favorito, Burger King.

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  6. Achei o texto das colegas bem interessante e muito relevante com tudo que foi comentado em aula. A questão do mau uso da internet – levantada pelos colegas nos comentários – de fato ocorre, assim como o seu uso benéfico também, como fonte de pesquisa, por exemplo. É fato que somos bombardeados por inúmeras informações diariamente, pela especificidade do meio que permite isso, nem sempre sabendo o que fazer com todas elas. Em excesso, essas informações geram até apatia pela parte dos usuários.

    No entanto, acredito que a internet ainda seja usada em sua maior parte do tempo para lazer, para simplesmente “passar o tempo”, principalmente pelos jovens. Não sou contra esse tipo de atitude, pois penso que cada um deva utilizá-la de acordo com o seu interesse e sua necessidade. Depois do advento da mesma, todos nós (que temos acesso a ela) mudamos nossa atitude. E dificilmente conseguimos nos imaginar sem ela nos dias atuais.

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  7. Gostei da imagem utilizada no texto para ilustrar os conceitos de globalização do local e localização do global; nas grandes metrópoles, vê-se a homogeneização de certos aspectos (que não tratarei como forma benéfica e nem prejudicial) e, conseqüentemente, a queda de barreiras culturais.
    Destaco a pesquisa da Folha de São Paulo que as colegas acrescentaram. De fato, a participação social, em tese, é bastante valorizada pelos jovens atualmente. O que não surpreende é a ausência concreta de ações nessas atividades, que acabam distanciando cada vez mais o "fazer parte" do "participar" efetivamente.

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  8. Não concordo com a questão levantada pelas autoras de que as comunidades poderão ter cada vez em comum até chegar ao ponto em que perderão suas características mais particulares. De fato, a primeira imagem poderia retratar qualquer uma das grandes metrópoles mundiais. Mas mesmo abrigando lojas, restaurantes e outros estabelecimentos "internacionalizados", cada local preserva suas diferenças e adapta os produtos de acordo com a sua cultura. Os mundialmente conhecidos lanches do Mc Donald's certamente sofreram adaptações para serem comercializados num país como a Índia. E acredito que, mesmo em pequenos detalhes como esse, a cultura local se impõe sobre a tendência de "padronização" da sociedade pós-moderna.
    Sobre o advento das tribos, existe a possibilidade (e eu a considero forte) de o indivíduo sempre ter tido a necessidade de se identificar com algum grupo em todos os aspectos de sua vida. Tal necessidade ficou mais evidente (e, claro, estimulada) com o advento das redes sociais.

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  9. Achei o texto das colegas muito bom, e gostei do recurso de usar imagens sobre o conteúdo abordado.
    Sobre o texto, o uso da internet como muitos já falaram pode ser benéfico para nós ou não, mas isso dependerá da forma como a utilizaremos. Concordo quando dizem que as pessoas começaram a aderir as várias tribos mais como um rótulo, com um menor engajamento com as causas levantadas pelo grupo. As comunidades do orkut como já mencionadas mostram exatamente essa nova ideia de tribos, em que identificar seus participantes se torna difícil, já que se pode participar de várias ao mesmo tempo, mas como já dito, se percebe que nessas muitas comunidades a participação efetiva e não apenas mais uma 'etiqueta' se tornou escassa.
    Os países cada vez mais ficam parecidos com a globalização, mas até o presente momento ainda com suas culturas locais, mas como as colegas mencionaram no texto, até quando?
    É de se pensar em como hoje a velocidade das mudanças é acelerada, e daqui para frente só tendem a aumentar (em minha opinão).

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  11. Achei o texto das colegas bem bom e os exemplos utilizados bastante pertinentes, pois trazem os temas trabalhados em sala de aula para o nosso cotidiano.
    Quanto às questões levantadas, acredito que seja unânime a opinião de que com a popularização dos sites de relacionamento, cada vez se torna mais comum as pessoas se identificarem com causas, sem efetivamente participar delas. Nesse ponto, concordo com o que a colega Camila falou, que atualmente os sujeitos estão mais preocupados em parecer ser alguma coisa, do que em buscar meios para realmente sê-la.
    Sobre a globalização do local e a localização do global, acredito que esses sejam fenômenos muito presentes em nossa era. Por mais que, como foi dito no texto, ainda as comunidades e culturas tenham características próprias, é cada vez mais comum uma padronização de alguns aspectos culturais. Hoje, milhões de pessoas viajam de um lado para outro frequentemente e há uma maior popularização da Internet - o que trouxe a possibilidade de estarmos conectados com o mundo todo. Isso tudo, de certa forma, mudou nossas noções de cultura e identidade.

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  12. O texto está muito bem escrito e desevolvido, e o uso de exemplos e imagens para ilustrar o texto o torna mais dinâmico e fácil de compreender.
    Essa questão da convergência cultural que faria com que eu fosse a qualquer lugar e pudesse comer o que eu como no lugar onde eu moro, é um fator de segurança para o homem. Nós viajamos, mas sabemos onde ir quando queremos fazer compras, onde podemos encontrar nosso tipo favorito de comida e onde a nossa tribo - pessoas que possuem o mesmo estilo, gostos e interesses - vai.

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  13. Faço minhas as palavras da Luara quando ela se refere ao texto como dinâmico. O uso da fotografia da metrópole substituindo um parágrafo resumiu muitas questões.
    Mas discordo dela num ponto. A "convergência cultural" pressupõe uma troca, uma via de duas mãos, o que não foi observado até então nas relações comerciais de qualquer sorte.
    A internet é uma ferramenta que pode ou não mudar isso. E, nesse sentido, quando as colegas falam que a web une as pessoas, "além de facilitar que essas pessoas descubram umas às outras", elas tocam no ponto-chave de uma convergência cultural.
    Nós "descobrimos" o mundo, e não necessariamente exportamos nossos pré-conceitos.

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  14. Antes mesmo de chegar ao final do texto, cheguei à mesma conclusão da pesquisa: vivemos em uma era na qual as pessoas aderem a diversas causas sem, no entanto, dedicar-se inteiramente a nenhuma delas. A possibilidade de conectar-se a pessoas com gostos e interesses semelhantes, trazida pela internet, é fantástica. Cabe refletir, porém, até que ponto essa conexão faz sentido e é realmente útil. Afinal, muitas das ações concretas a que se propõem estes grupos devem ocorrer fora do ambiente online.

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