sexta-feira, 24 de abril de 2009

Tribos


Tribos


- Segundo Maffesoli, dentro de uma sociedade, o profundo pode estar na superfície das coisas. Dessa forma, é através da aparência que diversas tribos unem-se. Ela é um vetor de agregação. A estética é uma forma simples de experimentar, sentir-se comum e, dessa forma, reconhecer-se. Por isso, a maioria das tribos é reconhecida basicamente pela forma que estruturam seu visual. Para o autor, essa ‘teatralidade’ instaura e reafirma a comunidade, todos são, ao mesmo tempo, atores e espectadores.

Nos últimos anos, uma tribo difundiu avassaladoramente suas características visuais. Os “emos” são facilmente reconhecidos. A tribo que teve origem em um gênero musical oriundo do hardcore - emo é abreviação do inglês emocional - com músicas que exageravam no lirismo. A criação e evolução do termo passa por diversas fases e controvérsias. Hoje, os adolescentes que se intitulam “emo” usam roupas pretas, listradas ou neon. Gostam de estampas infantis, cabelos coloridos e tradicionalmente utilizam uma longa franja sob o rosto. Meninos e meninas pintam os olhos com lápis preto de forma marcante. São considerados emotivos e sensíveis.




- Há na sociedade, de acordo com o autor uma propensão ao agrupamento. É fato que a comunicação é de grande importância na formação dos grupos. Pensava-se, no entanto, que apenas a comunicação verbalizada servia de mote para a reunião de pessoas com interesses comuns. Cada dia mais, essa idéia é descaracterizada. Há diversas situações “silenciosas” que estão profundamente estruturadas nos hábitos de vida das pessoas. A arquitetura, o ruído e a música, a linguagem corporal, as artes visuais, o teatro, a dança e o grafismo são bons exemplos do uso máximo da linguagem não verbal. Há uma tribo que encaixa-se muito bem nesse aspecto. Embora haja outras características que os unam, o que é comum, a tribo da dança tem um forte elo com a comunicação não verbal. Antes de tudo, os bailarinos são unidos pela paixão por dançar, independente de ritmo. É claro que há subdivisões dentro do gênero. A tribo se divide em tribos menores de acordo com o ritmo e o estilo utilizado. O elo, entretanto, sempre será o movimento, o dançar, grande expressão de linguagem na verbalizada.




- O “estar junto” é vital para uma tribo. O texto ressalta a importância da consciência coletiva ou de momentos específicos. É através de “ações comuns” como festas, eventos, viagens, encontros onde a sociedade fortalece o sentimento que tem de si mesma. A perspectiva de comunidade, na idéia do autor ultrapassa os limites dos utilitário, funcional ou econômico. A convivência, então, surge como grande trunfo. Um bom exemplo é a divisão de casas noturnas de acordo com a preferência musical dos grupos. Há aquelas onde só se ouve pagode, rock, eletrônica, samba, enfim... Os freqüentadores podem não pertencer a tribo, no entanto, sabem que estão indo até o nicho de determinada tribo e, assim, o que vão encontrar lá. Os roqueiros encaixam-se exatamente nessa situação. Freqüentam apenas locais onde escutam seu estilo musical preferido, o que fortalece a comunidade. As chamadas “ações comuns” reafirmam as tribos e seus membros.




- A socialidade se expressa das mais diversas formas e em momentos distintos. No momento de sua fundação ou quando quer estreitar os laços é particularmente intimista. Uma técnica considerada no texto “simbólica” ou um quase como um sacramento, a refeição pode ser um momento de reforçar alianças. Da eucaristia aos banquetes políticos, passando pelas modernas refeições-reunião, o momento de comer pode estruturar uma tribo. É nele que, além de se selar alianças, pode-se atenuar oposições ou restaurar amizades, por exemplo. Há tribos, inclusive, que só existem por culpa das refeições. É o caso da tribo dos vegetarianos. Aqueles que não comem carnes hoje constituem um conhecido grupo. Alguns optam pelo vegetarianismo por acreditarem que os animais não precisam ser mortos para que os seres humanos se alimentem. Outros apenas acreditam que o consumo exagerado de carne - vermelha ou em alguns casos também a branca - não é vital ou necessário para a saúde do corpo. Independente da justificativa, o que os une é o fato de optarem por uma alimentação recheada de legumes, frutas e verduras em substituição das carnes em suas refeições.




- Desde muito tempo, sabe-se da importância da linguagem verbal – que surge quando o homem utiliza a palavra, seja essa oral ou escrita - para criar a rede que liga os indivíduos entre si, gerando uma tribo. Cada grupo possui um tipo de fala, com gírias, sotaques, estilos e ritmos diferentes, que os caracterizam e permitem a sua identificação. Os mais jovens possuem em seu vocabulário gírias que os mais velhos costumam não entender, como ficar ou balada. A linguagem verbal também diferencia as pessoas das cinco regiões do Brasil, principalmente através do sotaque. Além disso, muitas palavras presentes no cotidiano gaúcho, não serão compreendidas por um Baiano, por exemplo: termos como cacetinho, cujo significado é pão francês; pechada como sinônimo de choque entre carros; borracho como bêbado; peleia como briga, etc.




- O autor concede uma importância bastante grande para a questão do segredo dentro das tribos. Ele coloca essa característica como base para confirmar e reforçar a solidariedade fundamental, toda vez que é necessário restaurar a ordem das coisas. Na verdade, esse seria um aspecto fundamental para que um grupo se desenvolva de forma autônoma, pois favorece a auto-conservação. O segredo funciona como uma proteção contra a imposição de fora, para que assim as pessoas possam “estar-junto”, ou seja, possam compartilhar um ideal, um hábito. Essa partilha secreta entre os membros de uma tribo faz com que elas resistam às tentativas de uniformização. As sociedades secretas utilizam essa característica de uma maneira radical. O fato de elas serem secretas conferia a todos os membros o poder do mistério sobre o resto da povo, o que explica o fascínio que as pessoas costumam possuir em relação a elas. Pode-se citar como exemplo a Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis (AMORC), fraternidade sem distinção de crença, raça, ou sexo, não religiosa, não dogmática e apartidária. O seu objetivo é o estudo das leis místicas universais, e sua origem oficial teria acontecido em 1350 a.C., com o faraó Tutmés III, da XVIII dinastia.




- Como um aspecto negativo das tribos, o autor ressalta o fato de que uma pessoa, dentro de um grupo isolado, pode acabar aceitando a verdade da sua tribo como única, surgindo assim o preconceito e o racismo. O espírito desse membro não estará aberto a compreender costumes, crenças e características diferentes. Os chamados white power, tribo originada da cultura skinhead, são defensores da ideologia neo-nazista e racista. A banda anti-semita Skrewdriver foi a origem do movimento que promove espancamentos de asiáticos, principalmente paquistaneses. O grupo utiliza o nacionalismo xenofóbico para organizar pessoas em torno de um ideal branco-separatista.




- Maffesoli afirma que cada grande ruptura na história da humanidade (como guerras, surgimento de novos impérios, revoluções, etc.) traz junto de si uma multiplicação de estilos de vida. Cada nova etapa da história vai gerar necessidades e costumes próprios, pois elas rompem com o que é comumente admitido como verdadeiro e correto. Segundo o autor, elas podem ser “efervescentes, ascéticos, voltados para o passado ou para o futuro”. A Revolução Industrial na Inglaterra, em meados do século XVIII, fez com que a classe dos operários surgisse, pois as fábricas estavam sendo construídas e trabalhadores eram necessários. Ao invés de trabalhar no campo, muitos migraram para as cidades para vender a sua força de trabalho em troca de salário nas indústrias recém-formadas. Além disso, o trabalho do operário era muito diferente do trabalho do camponês, pois o primeiro executava tarefas monótonas e repetitivas.





Luara Minuzzi e Mariana Müller

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O fenômeno da tribalização

A aula de sexta-feira, 17/4, girou em torno de uma questão central para a sociedade pós-moderna: com o advento de novas tecnologias da comunicação e a fusão do analógico com o digital, quais mudanças emergiram socialmente dentro deste contexto? O que de mais relevante pode-se obter desta questão é a tentativa de superar a discussão antigas mídias X novas mídias e, a partir disso, alcançar discussão maior, qual seja, por quê as mídias mais antigas, tipicamente de massa, são representadas pela relação "um-todos" e as novas tecnologias, tidas como digitais, inferem relação do tipo "todos-todos".

Para isso, como disse o professor por diversas vezes durante a aula, o conceito de tribos cunhado por Michel Maffesoli é de suma importância. Ele se torna relevante por permitir ter acesso à dimensão da mudança, em termos de individualização ou, como diz o próprio autor, de 'dessocialização', causada pela convivência com as novas tecnologias.

Quando se refere a mídias de massa, fala-se predominantemente de dois meios mais difundidos: a televisão e o rádio. Com eles, existe uma relação "um-todos" no sentido de que o veículo não permite interação com o que acontece, por assim dizer, no mundo dentro dele. Em contrapartida, apesar de não permitir 'interatividade', um veículo de massa socializa na medida em que torna possível que várias pessoas unam-se para participar daquele acontecimento que está sendo veiculado. O exemplo mais claro deste caso é a situação-clichê da família reunida em volta da televisão e, simultaneamente, várias famílias em outras casas também reunidas em volta de um televisor, todas numa relação, grosso modo, unidirecional. Afinal, embora possam todos estar assistindo a um mesmo programa, por exemplo, eles não conseguem se relacionar entre si, porque este tipo de veículo de comunicação não permite tal grau de interação. Por isso diz-se "um-todos". A mídia de massa socializa. Caso semelhante não acontece com novas tecnologias que surgem por volta de 1975.

A mídia tida como digital, que tem seu pontapé com a criação do PC - Personal Computer - ela dessocializa. A família reunida em volta do televisor ou do rádio dá espaço à individualização do mundo pós-moderno. Porém, como aponta Maffesoli, a individualização trazida pelas novas tecnologias criaram outro aspecto: o da tribalização. A partir do momento em que se tornou possível livrar-se das rédeas dos meios de massa e da consequente relação 'um-todos', o aparente isolamento que esta nova configuração poderia supor foi substituida pela personalização da relação com os meios de comunicação. As novas mídias dessocializam, sim, mas personalizam a relação e adicionam a ela a possibilidade de escolher o que fazer por interesses. A relação não é mais unidirecional. A relação de o que ouvir, de com quem conversar, de o que assistir agora é diretamente influenciada e escolhida por quem está em frente ao meio de comunicação. As novas tecnologias, as mídias digitais dessocializam na medida em que proporcionam que se viva mais, por assim dizer, de maneira personalizada. Dentro do processo de personalização das referências do cotidiano, encontra-se a origem do processo de tribalização, da reunião de pessoas por gostos e tendências comuns. A mídia digital, assim, individualiza, mas está bastante longe de promover o isolamento. Por mais contraditório que possa parecer, a individualização pós-moderna causa, em certo grau, a interação dos sujeitos contemporâneos.

Posto isto, o que se pode depreender desta que é questão central domundo pós-moderno é que enquanto a mídia de massa destribaliza, a mídia digital retribaliza por meio de uma relação todos-todos.

Porém, nesta individualização e dessocialização do homem pós-moderno, o sujeito contemporâneo é acometido pela situação de desamparo e não-pertencimento. Para preencher este espaço, o fenômeno da 'tribalização' surge como alternativa, talvez inconsciente, para dar conta dessa questão. A consequência é a superficialidade, nos mais diversos graus das relações sociais. Além disso, há uma certa sublimação idiossincrática, fazendo com que o indivíduo pós-moderno abra mão de sua própria essência para fazer parte da essência comum que compartilha com um grupo maior.

A tribalização aparece, portanto, como recurso para que, dentro de uma sociedade dessocializada, o sujeito não se sinta completamente deslocado. É cedo, contudo, para que sejam feitas avaliações definitivas a respeito do efeito que isso tem no psicológico individual dos membros de nossa sociedade.

O fenômeno da tribalização é a maneira para que, dentro desta mesma sociedade dessocializada, o sujeito não se perca e, principalmente, não se isole.

Bruno Mattos e Rafael Maia

Tribalismo

Na aula do dia 17 de abril, analisamos a socialidade contemporânea e o advento das tribos.

“O indivíduo (...) é protagonista de uma ambiência afetuosa que o faz aderir, participar magicamente, a esses pequenos conjuntos viscosos que eu propus chamar de tribos.” (Maffeisoli)

(ambiência = meio material ou moral onde se vive)

De acordo com Maffeisoli, redes de solidariedade se constituem a todo momento, apesar do desencantamento do mundo moderno e da solidão frequentemente relacionada a ele. As características, entretanto, dessas relações que estabelecemos uns com os outros sofrem a influência da época em que se vive.

Citando Watzlawick, o autor fala do “desejo ardente e inabalável de estar de acordo com o grupo”, apontado por pesquisas realizadas nos anos 70. Para Maffeisoli, tal desejo evoluiu para uma realidade na vida cotidiana devido à massificação. Para o indivíduo pós-moderno, estar em conformidade com o grupo é natural, é o meio pelo qual ele se identifica com os outros. Esse ponto de vista vai de encontro ao pensamento de que a sociedade atual é individualizante. O indivíduo não pode existir isolado. Ele está ligado, pela cultura, pela comunicação, pelo lazer e pela moda, a uma comunidade. Dessa forma, o que nos parece ser uma opinião individual muitas vezes é, na verdade, a opinião de um grupo ao qual o indivíduo pertence.

Para o autor, a principal característica da socialidade é que o indivíduo representa papéis dentro dos grupos, ou tribos, dos quais participa. Ele vai mudando seu figurino para assumir o seu lugar nas diversas peças do teatro. Por isso Lemos diz que “a tendência comunitária (tribalismo), a ênfase no presente (presenteísmo) e o paradigma estético (ética da estética) podem ser potencializar e ser potencializados pelo desenvolvimento tecnológico”.

A aparência é uma questão bastante citada pelos autores para a formação de tribos. Através dela, é possível se sentir comum e reconhecer-se. A teatralidade do sujeito, uma das características da sociedade contemporânea, permite que ele experimente, vista diversas fantasias. Além disso, o tribalismo pode ser efêmero: de acordo com as necessidades do momento, ou de como as ocasiões se apresentam, o indivíduo se junta a tal ou tal grupo. Maffeseisoli diz que essa efemeridade é possível graças à rapidez do circuito oferta-procura, o que pode ser observado em sites de relacionamento, por exemplo. Na internet, há grupos (ou tribos) pra quase tudo, desde hábitos alimentares até comportamentos em situações extremas. Em algum deles, o indivíduo há de se encaixar.

O ponto em comum entre os indivíduos que formam uma tribo pode ser muito variado. Pode ser que eles compartilhem comportamentos, preferências musicais e vestimentas, entre outros, como acontece com a tribo dos emos e dos góticos. Pode ser que eles tenham em comum a prática de determinado esporte, como os surfistas e os skatistas. Ainda, pode ser que integrantes de uma tribo não tenham praticamente nada em comum, a não ser quando se encontram para apreciar determinados tipos de bebida, com acontece com as confrarias do vinho e da cerveja. Esses exemplos dão a dimensão da variedade de tribos que existem. Além disso, muitas delas coexistem: um mesmo sujeito, por exemplo, faz parte da tribo dos advogados durante o dia, dos degustadores de vinho à noite, dos freqüentadores de raves nos finais de semana, etc. Em cada um desses momentos, o indivíduo vai representar o papel que se espera dele naquele ambiente: como advogado, manterá a mesma postura que seus colegas, como degustador de vinho, usará os termos técnicos para descrever as características da bebida, e, como freqüentador de rave, se vestirá de forma semelhante aos demais participantes.

Maffesoli cita as principais características dos grupos fundamentados no sentimento partilhado. São elas: comunidade de idéias, preocupações impessoais e estabilidade da estrutura que supera as particularidades dos indivíduos. Segundo ele, é isso que permite usar o termo “alma coletiva”.

É neste contexto que o autor cita o termo “tipo-seita”, do sociólogo E. Troeltsch. A seita é uma comunidade local, na qual basta o sentimento de que se faz parte dela, e que não tem necessidade de uma organização institucional visível. Não há uma autoridade predominante. Podem existir chefes carismáticos e gurus, mas o fato de seus poderes não se apoiarem em uma competência racional ou em uma tradição sacerdotal os torna mais frágeis. Assim, predomina o sentimento de participação em um todo, responsabilidade e proximidade. Cada um é responsável por todos e por cada um.

Podemos ver a importância do afeto (atração - repulsa) na vida social. Ele é “não-consciente” ou, como diz Pareto, “não-lógico”. Ele condiciona as múltiplas atitudes qualificadas de irracionais, observadas em nossos dias. Maffesoli afirma que essas metáforas de tribos e de tribalismo permitem ressaltar a busca de uma vida quotidiana mais hedonista, menos determinada pelo “dever-ser” e pelo trabalho.

É interessante notar que com o passar do tempo alguns dos pequenos bandos se estabilizam. Aí surgem os clubes (esportivo, cultural, etc), ou “sociedades secretas”, com fortes componentes emocionais.

O localismo favorece o que se pode chamar de “espírito de máfia”: na busca da moradia, para a obtenção de um trabalho, ou até mesmo em pequenos privilégios cotidianos, a prioridade será dada aos que pertencem e esses grupos ou aos que se encontram em seus círculos de influência.

As pessoas, entretanto, não estão “presas” a um só grupo, por mais influente que este seja. Elas podem, em um lapso de tempo muito curto, irromper em outro território, em outra tribo, em outra ideologia. Podem, inclusive, participar ao mesmo tempo de uma infinidade de grupos, dando, a cada um, grande ou pequena atenção, conforme melhor lhes convêm.

A comunicação, ao mesmo tempo, verbal e não verbal, constitui uma vasta rede que liga os indivíduos entre si. O autor conceitua rede como sendo um “conjunto inorganizado e, no entanto, sólido, invisível, porém, servindo de ossatura a qualquer conjunto, seja ele qual for”. As informações, assim como as pessoas, não são pertencentes a um grupo específico. Elas circulam entre os indivíduos de uma tribo e entre as tribos. Desta forma, como muitas vezes podemos observar, não podemos conhecer a origem ou o responsável por uma informação ou boato.

No quadro de uma sociedade complexa, cada um vive uma série de experiências que não têm sentido senão dentro do contexto global.


Programa “Tribos”

No ar desde 2006, o programa “Tribos”, do canal pago Multishow, mostra uma nova tribo a cada semana. Apresentado por Daniele Suzuki, a atração apresenta a origem da tribo, o comportamento dos integrantes, as características em comum. Todas as segundas-feiras, às 21h15.

Trechos de alguns programas já exibidos:

Tribo do cosplay: http://www.youtube.com/watch?v=3O9pmS8guss&feature=PlayList&p=709E17ED17CF1D39&playnext=1&playnext_from=PL&index=14

Tribo dos pára-quedistas: http://www.youtube.com/watch?v=9rt_mY2qqoc

Tribos dos góticos: http://www.youtube.com/watch?v=oaG-DYyocQs&feature=PlayList&p=44AF6CAF302CBF71&playnext=1&playnext_from=PL&index=27

Tribo dos ciclistas: http://www.youtube.com/watch?v=Sl9q66lYqIU

Tribo da micareta: http://www.youtube.com/watch?v=5t5TWSPG_Gc

Tribo do toy art: http://www.youtube.com/watch?v=g6ir4givrGk

Tribo dos intercambistas: http://www.youtube.com/watch?v=qdz99sknWeQ

Tribo dos comissários de bordo: http://www.youtube.com/watch?v=G82dCyAGPXU



Isadora Gasparin e Jaciara Rozanski



sexta-feira, 17 de abril de 2009

Novos cenários comunicacionais

Como conseqüência do avanço do sistema de produção capitalista, a realidade no âmbito da contemporaneidade se tornou massiva. Adotando a política do consumo desenfreado, podemos observar com muita clareza que tudo que nos rodeia (e por que não: tudo o que nos faz ser como somos) tem um prazo de validade culturalmente estabelecido.

Essa mudança no sistema de produção é potencializada e abrange outros aspectos de nossa realidade quando toma dimensões que vão além da produção-consumo. As relações pessoais, sobretudo, estão cada vez mais inseridas na ideologia de envelhecimento pré-determinado.

O avanço da pós-modernidade não apenas introduz novos brinquedinhos em nossas mãos, mas transforma o modo como entendemos o mundo, como nos adaptamos as necessidades criadas e como somos afetados pelo pensamento adjunto a essas transformações.

Tratando mais especificamente do modo como as pessoas se relacionam, percebemos que, assim como produtos, as gerações e suas manifestações culturais vão perdendo sua validade. A geração da conversa em bar, conversas em locais públicos vem sendo substituída violentamente (em questão de não ser uma mudança gradativa) pela geração da tecnologia. A cada novo aparelho, interface ou aplicativo lançado, nos é imposto uma série de novas nomenclaturas, rituais, modos de agir e pensar. As formas de socialização são transformadas com as tecnologias, e atualmente necessitamos de telefones celulares, redes sociais online e suas ideologias para mantermos como um bloco social comunicativamente ativo.

Além das mudanças da revolução tecnológica dos anos 2000 terem atingido toda a esfera global, os não adeptos a esse novo padrão cultural de curta validade são cada vez menos participantes dos grupos sociais. Reuniões, encontros, comemorações e até mesmo simples conversas dependem de aparatos tecnológicos, o que, de certa forma, exclui todos os não adaptados às novas tecnologias.

Por outro lado, é muito claro que essas novas tecnologias auxiliam e resolvem muitos problemas que não sabíamos resolver no passado, contudo, é necessário estudar a fundo as conseqüências da revolução tecnológica, os seus impactos na sociedade e, acima de tudo, o que mais além de facilidades e soluções está adjunto (padrões culturais impostos, mudanças comportamentais, criação de novas necessidades) a ela.

Lucas Ferreira Piccoli

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Cibercultura e as novas tecnologias de informação e comunicação

Na sociedade pós-moderna, percebe-se uma diferença no que diz respeito à comunicação: as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, que surgiram na década de 70 a partir da união entre a informática e os meios de comunicação de massa mudaram radicalmente a maneira com a qual os indivíduos passaram a se comportar no que se chama de “sociedade da informação”.

Se a principal preocupação dos pensadores e críticos da sociedade moderna, como Theodor Adorno, era com a indústria cultural, com a monopolização e criação de um modelo de comercialização de bens culturais veiculados nos principais meios de comunicação nesse período; o que dizer então da sociedade pós-moderna, em que a produção é descentralizada, de fácil acesso, desterritorializada e instantânea? Essas preocupações fogem a discussão apenas sociológica. Agora valoriza-se o todo (social), a parte (antropológica) e os meios que unem a parte ao todo: a técnica. Dessa junção temos a cibercultura que insere novos temas como o homem cibernético.

A Internet, como meio, mudou a relação do ser humano, e do fluxo de informações, trazendo um novo paradigma: o fluxo de informações é maior, mas a confiabilidade é menor. A Internet proporciona a possibilidade uma maior “democratização” no acesso à informação, as fontes, porém, são consideradas menos confiáveis e é possível encontrar falsas informações.

A comunicação em si muda radicalmente com o advento das redes, uma vez que não se pode definir precisamente quem é o emissor e quem é o receptor, já que se produz conhecimento e este está aberto para quem desejar vê-lo. Essa falta de definições pode ser, até certo ponto, prejudicial, uma vez que as mensagens mau-intencionadas e sem seriedade estão disponíveis juntamente com as consideradas sérias. Como o leitor poderá diferenciar? E como aqueles que produzem esses conteúdos podem adaptá-los, uma vez que o público é heterogêneo e desterritorializado?

A “planificação” do mundo, conceito apresentado por Thomas Friedman é um fator interessante de ser analisado, uma vez que existe uma cultura global e a cibercultura é diretamente ligada a esta, os interesses comuns de indivíduos ao redor do mundo tendem a encontrar-se em fóruns, chats e sites de relacionamento, tal qual Orkut, Facebook e Myspace. As distâncias físicas deixam de existir a partir do momento em que se pode falar e ver pessoas em outra cidade, estado ou país, pode-se ler notícias, conhecer lugares, fazer amizades e ter relacionamentos sem conhecer o outro pessoalmente.

As relações pessoais modificaram-se também com a criação das ‘redes sociais’, uma tendência que, ao mesmo tempo em que possibilita a “retribalização” da sociedade, deve ser pensada com mais cautela, uma vez que os limites entre o que é público e o que é privado se perderam, causando um “oversharing” que pode ser prejudicial. Pode ser dado como exemplo o caso da pessoa que foi demitida de seu emprego após falar mal do lugar onde trabalhava no facebook. http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2009/02/27/jovem-inglesa-demitida-por-reclamar-do-trabalho-no-facebook-754614797.asp

O microblog Twitter, por sua vez pode ser ligado a inclinação ao presenteísmo que a sociedade pós-moderna encara. Nas mensagens postadas – que devem ter um número limitado de caracteres – muitos usuários aproveitam para dizer o que estão fazendo, onde estão, além de postar links para outros sites e entrar em contato com outras pessoas. O Twitter vem sendo usado também pela publicidade como uma nova ferramenta; recentemente, o apresentador Marcelo Tas assinou contrato com uma empresa de telefonia para fazer pequenos anúncios no Twitter. http://info.abril.com.br/aberto/infonews/032009/20032009-48.shl

A música, por sua vez, vive também um momento de mudança; enquanto as grandes gravadoras tentam acabar com os downloads, fechando comunidades como a “Discografias” – no orkut, o site youtube decidiu usar a ferramenta Internet para promover a música através da “Orquestra Sinfônica do Youtube”. O projeto reúne músicos de todas as partes do mundo, que mandaram vídeos para o site e foram selecionados por um júri composto por músicos renomados e através do voto. A Orquestra se apresentou dia 15 de abril no Carnegie Hall, em Nova York. A iniciativa é excelente porque traz para a realidade o virtual, unindo pessoas através do talento e gosto em comum.
http://www.youtube.com/symphonybrasil?gl=BR&hl=pt
http://veja.abril.com.br/noticia/variedade/orquestra-sinfonica-youtube-se-apresenta-ny-449581.shtml

No entanto, não devemos nos ater apenas a pontos otimistas da sociedade pós-moderna. Vive-se a perspectiva de usos de meios de comunicação não-monopolizados, com o advento da interatividade proporcionada tanto pela internet, quanto pela televisão digital. Mesmo teóricos críticos como Manuel Castells, são otimistas em relação ao funcionamento dos meios possibilitado pela interatividade. Porém, é importante destacar que as modificações ocorridas até o momento são muito mais em relação à migração de parcela das relações sociais para as comunidades virtuais, do que de estrutura social de poder em si. Embora a internet possibilite que o discurso de oposição atinja uma parcela maior de indíviduos, os cidadãos da sociedade em rede parecem não ter consciência deste potencial; e esse comportamento é importante entender, para tomar consciência que há a possibilidade de um uso medíocre dessas tecnologias.

Se, por um lado, temos a inércia provocada pela legitimação e “blindagem” das empresas formadas no modelo de sociedade moderna; por outro, temos uma força potencial de modificação destas estruturas através de novas tecnologias da sociedade pós-moderna como a TV digital e a internet; a partir deste conflito será moldada a forma como a comunicação midiatizada ocorrerá e as funções que cada parcela da sociedade terá. Uma tendência a perpetuação das relações de poder dos monopólios comerciais nas novas mídias retardará o processo de democratização, limitando a participação interativa do público; enquanto conquistas dos grupos opositores ao modelo autoritário permitirão uma comunicação midiática mais democrática e participativa.

Bruna Goss
Daniel Caumo

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Aula do dia 03/04

Na aula do dia 03/04, abordamos aspectos referentes à modernidade X pós-modernidade, buscando definições para o momento em que vivemos. Dentre as discussões da turma e a apresentação feita pelo professor, trazemos nossos apontamentos sobre o assunto


'Se o ano 200 era "o futuro" para a geração do começo deste século, o "aqui e agora" é a única saída para a geração do século que começa. Aqui vivemos a globalização do local e a localização do global' (LEMOS, André)


Onde se localiza a rua da foto acima? As marcas nos são conhecidas e as luzes estão presentes na maioria das grandes metróploes da atualidade. Nova Iorque, Paris, Milão, Tóquio, São Paulo... por que essa mesma rua pode ser encontrada em qualquer uma dessas cidades? Acreditamos que pensar sobre isso é necessário para que compreendamos parte da citação de Lemos: a globalização do local e a localizção do global.
Com a globalização, divergências culturais diminuem: se formos ao Japão, por exemplo, não precisaremos nos alimentar apenas com pratos da culiária local, é só procurar por um estabelecimento de alguma rede de fast-food. Mas até que ponto isso é bom? Será que estamos nos encaminhando para uma sociedade 'híbrida'?
Não vemos ainda comunidades sem particularidades e sem costumes característicos. Mas, na velocidade do mundo atual, possível que isso ocorra. Por essa velocidade e 'deslocalização', nos perguntamos: estamos então na chamada pós-modernidade?

O advento das tribos
A partir de certo momento histórico, o indivíduo sentiu a necessidade de deixar o individualismo para se juntar em grupos. Pessoas com o mesmo objetivo, projeto político ou gosto musical passaram a se agrupar cada vez mais para ganhar força e voz dentro da sociedade. Primeiramente, antes do surgimento e popularização da internet e dos grupos e comunidades virtuais, essas tribos eram bem diferenciadas entre si, e era fácil perceber quem pertencia a qual tribo. Quase todas elas eram envolvidas em algum projeto social ou político: lutavam por um ideal e faziam sua voz ser ouvida. Dessa maneira, os membros de grupos diferentes eram até mesmo vistos como “rivais”, pois normalmente lutavam por uma causa oposta.

Agora, com a internet cada vez mais inserida na vida do sujeito pós-moderno e, especialmente do jovem, esses grupos passaram a existir em maior número e, alguns deles, com bem menor repercussão. As tribos formadas virtualmente oferecem a vantagem de unir pessoas com mesmos gostos e preferências de diferentes lugares do mundo em um mesmo ciberespaço, além de facilitar que essas pessoas descubram umas às outras. Muitas delas ainda se reúnem para lutar por um ideal político, social e, mais recentemente, ambiental. Porém, o que percebemos é um menor engajamento por parte de alguns desses grupos, que parecem se unir mais para inserir em si mesmos rótulos/etiquetas do que para atingir um objetivo coletivo. Outra diferença dessas “novas tribos” para aquelas que existiam outrora é que não é mais tão simples identificar os participantes de cada uma. Além disso, cada indivíduo pode se unir a muitas delas ao mesmo tempo: um exemplo disso é o Orkut, o site de relacionamentos em que muitas pessoas participam de centenas de comunidades sem realmente participar.




Recentemente, a Folha de São Paulo publicou uma pesquisa realizada pela Datafolha, a qual intitulou ‘Jovem Século XXI’. Nela, foram apontadas as crenças e ideais dos jovens brasileiros. Destacamos um dos itens: a participação social. A Folha constatou que há envolvimento em diversas atividades simultaneamente, porém sem real dedicação a nenhuma.
Retomamos, então, a frase de Lemos: será que o ‘aqui e o agora’ é de fato a única saída para o nosso mundo pós-moderno?


Referência: LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002.

Observação: a pesquisa completa Jovem Século XXI possui acesso restrito a assinantes da Folha em sua versão online. Alguns dados podem ser conferidos em:http://observatoriojuvenildovale.blogspot.com/2008/08/pesquisa-datafolha-jovem-sculo-xxi.html

Ângela Camana e Fernanda Nicolao Mattei