domingo, 3 de maio de 2009

A GALÁXIA INTERNET



A GALÁXIA INTERNET

Reflexões sobre internet, Negócios e Sociedade


            Na nossa última aula (24/04) demos continuidade ao aprendizado sobre Cibercultura, o enfoque da aula era a internet e o seu histórico com base no texto de Manuel Castells, “A Galáxia Internet”. Como é um texto basicamente histórico, optei por tornar a resenha mais próxima de um resumo, acrescentando minha interpretação e comentários. Acredito que dessa maneira a construção dessa atividade seja mais proveitosa para todos.

Lições de História da Internet

           Nesse breve introdução o autor mostra-se empolgado com o desenvolvimento da internet, dizendo que várias regras foram quebradas, valores pré-estabelecidos subvertidos na criação do “novo mundo”.

“Serve também para reafirmar a idéia de que a cooperação e a liberdade de informação podem favorecer mais a inovação do que a concorrência e os direitos de propriedade. (...)” (pág. 25).

             Essa já é uma das novidades que a Internet apresenta a todos, pois na nossa sociedade o comum era (ainda é) que equipes, grupos, empresas, países rivais trabalhassem sem trocar informação algum, sem compartilhar qualquer coisa. Ao contrário da internet que muitas vezes programas correlacionados eram divulgados com seu código fonte aberto.

A História da Internet, 1962-1995: uma visão panorâmica

             As origens da Internet remotam da ARPANET, uma rede de computadores criada pela ARPA que, por sua vez, foi criada pelo departamento de defasa dos EUA, em 1958, com objetivos de superar a antiga URSS em tecnologia militar. Mas não era só isso, a construção da ARPANET justificava-se pela necessidade de um meio de repartir o tempo de trabalho on-line dos computadores entre vários centros de informática. Além disso, o desenho dessa rede teria de ser compatível com a proposta de comunicações flexíveis e descentralizada (de uso militar) capaz de sobreviver a um ataque nuclear.

            O objetivo seguinte era conseguir a ligação da ARPANET com outros sistemas em rede que a ARPA estava criando (PRNENT e SATNET). Para se conseguir isso seria necessário constituir um protocolo padronizado para fazer essas ligações. TCP/IP. O departamento de defesa preocupado com possíveis invasões/violações desenvolve o seu próprio sistema, o MIL-NET. Dessa maneira, a ARPANET não é mais interessante para os militares. Em 1990 ela é desmontada por ser considerada obsoleta.

            A tecnologia para a criação de redes de informática públicas estava aberta para o domínio público. No entanto, o departamento de defesa comercializa a tecnologia da internet. Provedores de internet constroem redes próprias de ligação para acesso (gateways).

            Mas houve outros fatores que construíram a internet como conhecemos hoje, por exemplo: o sistema UNIX ter seu código fonte aberto para o desenvolvimento (além de ser um sistema difuso entre os universitários), criação do conceito copyleft.

          O sistema operacional LINUX tem início nesse mesmo sentido. Com base no código-aberto do UNIX, um estudante o fez e o distribuiu na internet para que fosse evoluído e aperfeiçoado pela comunidade de hackers e usuários.

            A internet só atingiu todo esse tamanho graças a “world wide web”. Essa foi desenvolvida em meados de 1990 com o intuito da troca de informações em um sistema interativo de computação. Próximo a idéia do “Xanadú”: 

“Ted Nelson (...) trabalhou durante muitos anos na criação de um sistema utópico chamado Xandú: um hipertexto aberto e auto-evolutivo que tinha como objetivo ligar toda a informação passada, presente e futura, existente em todo o planeta (...)” (pág. 31 e 32).

             Acredito que a Internet que conhecemos hoje funcione como essa enorme “enciclopédia” on-line, aliás, a Wikipédia se encaixa completamente nesse objetivo. Com hiper-links que correlacionam às informações, além de ser uma fonte de conhecimento construída em conjunto. 

Uma fórmula insólita: ciência, a investigação militar e a cultura da liberdade

             A internet nasceu em um ponto de convergência entre a pesquisa militar, ciência e uma cultura libertária (liberdade individual). A questão interessante dessa situação era que os militares norte-americanos não tinham completa certeza do que seria, para o que servia essa rede.

            Certamente, a intenção de “sobrevivência militar” foi concluída. O resto de seu desenvolvimento tinha muita liberdade. O departamento de defesa deu liberdade para a ARPA administrar as pesquisas e essa, por sua vez, deu liberdade aos seus pesquisadores. Os pesquisadores construíram a rede experimental sem fins militares. Na hora da “prestação de contas”, os membros do congresso nunca entenderam o que era exatamente a ARPANET.

            Toda essa liberdade nas pesquisas permitiu que os EUA atingissem no início dos anos 80 a superioridade em eletrônica e comunicação em relação a sua rival: URSS.  A União Soviética tinha um sistema fechado de pesquisa, sem espaço público, somente militar.

            No entanto, precisamos ressaltar que somente com o apóio do financiamento público-militar é que a internet se tornou o que conhecemos hoje. No seu desenvolvimento, as grandes empresas privadas não se mostraram interesse – mesmo quando o governo tentou privatizar. A dependência pela tecnologia analógica e o medo de investir uma grande soma em um projeto incerto falaram mais alto. Para a nossa sorte.

 A Internet e as culturas alternativas

             Ao contrário do que se poderíamos pensar, esses cientistas e centros universitários não eram hippies que queriam liberdade, paz, etc. Na verdade, eles buscavam uma abertura da rede, conhecimento sendo difundido, entretanto não se importavam de trabalhar para o mesmo governo que estava na guerra do Vietnã.

            Nasce aí a conduta dos primeiros Hackers, a distribuição de protocolos e softwares gratuitamente contribuiu para o rápido desenvolvimento da internet, pois o pensamento de partilhar e cooperar com seus companheiros estavam presentes.

 Internet: uma arquitetura aberta

             A internet sempre teve a característica da transparência, tanto na arquitetura como na sua organização institucional. Com os códigos fontes abertos e com o desenvolvimento abertos dos protocolos, permitiu que a internet sobrevivesse (e contribuísse) ao processo de globalização: a questão central era a padronização de um modelo internacional.

Enquanto a Europa gostaria que o modelo mudasse e passasse para o filtro de seus próprios governos, os protocolos da ARPANET estavam fundamentados nas diversidades das redes. No final, os standards TCP/IP adaptaram os protocolos da base X.25 – europeu.

A auto-evolução da Internet: a configuração da rede pela utilização

           A internet tem sua força devido ao seu caráter aberto, essa tendência de liberação também é sua fonte de alimentação. A sua evolução está nessa “auto-alimentação”, pois – não seria diferente do resto da história – primeiro se cria uma necessidade ou se observa ela, a partir de então se começa a produzir.

          Como a internet é aberta, os próprios utilizadores se convertem, então, nesses produtores e configuradores. Para que essa evolução aconteça, deve-se cumprir três condições:

- Arquitetura aberta, descentralizada e multidirecional;
- Protocolos abertos e distribuídos livremente;
- As instituições devem gerir a rede de fora transparente e em cooperação.

A gestão da Internet

          Nesta parte, o texto demonstra estar desatualizado, aliás, acredito que o texto seja de 2002. Um dos conflitos levantados pelo texto é sobre a gestão de domínios, da Internet.

       A ICANN faz a gestão de endereços, domínios, parâmetros dos protocolos. “O conflito era sobre a questão da criação do domínio “.eu” (união européia) ter sido negada pela ICANN. No entanto essa questão já foi resolvida em 2002 (http://europa.eu/scadplus/leg/pt/lvb/l24228.htm) com criação definitiva desse domínio. 


Vídeos Recomendados:

 O Fenômeno da Internet:
http://www.youtube.com/watch?v=b1A9lYC3g-0
           uma matéria da época que a Internet estava se popularizando

 Para entender Bill Gates e Steve Jobs nos dias de hoje:

http://www.youtube.com/watch?v=G4LNA6VCipg&feature=PlayList&p=8773FD79FDA8321E&playnext=1&playnext_from=PL&index=36

+++ PLUS +++

Meu vídeo favorito da Internet:
http://www.youtube.com/watch?v=pFlcqWQVVuU

A Versão 2 do meu vídeo favorito da Internet:
http://www.youtube.com/watch?v=nBEyFeMV2_c&feature=related

O Mário não é mais aquele que você conheceu:
http://www.youtube.com/watch?v=JpBGRA6HHtY



Autor da Resenha: Rodrigo Olsson

10 comentários:

  1. Essa foi certamente a mais brilhante resenha que já li.

    O autor dessa excelente produção intelectual certamente domina a língua portuguesa, articula os pronomes pessoais como ninguém e mostra-se sensato em suas afirmações e explanações a respeito do texto.

    Concordo em parte. Adorei os vídeos do Youtube. Seu senso de humor irônico quase me dá convulsões.

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  2. Os vídeozinhos realmente foram bem legais, principalmente o "Meu vídeo favorito da Internet".
    A resenha também ficou muito boa, explicou de forma objetiva o texto e agora lendo deu pra relembrar direitinho da aula.
    A matéria da aula passada foi mais explicativa no sentido histórico. Deu pra descobrir algumas coisas que eu nunca tinha parado para pensar, como esse sentimento de liberdade em compartilhar informações que há entre os hackers. O que é muito legal e graças a coisas como essa, temos a internet atualmente. Outro ponto que eu achei bem interessante foi o fato de que no começo do desenvolvimento da internet as grandes empresas não estavam interessadas em investir em uma tecnologia tão incerta e como diria nosso colega "para a nossa sorte" elas não se "meteram" nesse ramo a principio.

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  3. A resenha é muito boa. Hoje em dia a internet está tão presente no nosso dia-a-dia, tanto para o lazer quanto para o trabalho, que nos parece até estranho ela um dia não ter existido. Com a resenha, podemos ver como ela foi criada, qual seu objetivo inicial. Evemos também que o objetivo foi atingido. A internet hoje quase não tem limites, seu conteúdo pode ser acessado por milhões de pessoas das mais diversas partes do mundo, ao mesmo tempo.
    A partir do texto, e com a ajuda dos vídeos, também podemos ver a constante competição, primeiro entre os EUA e a URSS, e, mais recentemente, entre o PC e o Mac, a busca incessante da melhor tecnologia. Ambos estão sempre se aperfeiçoando.
    É bom ver mesmo a "desatualização" do texto, que abordava um problema hoje já resolvido. É um exemplo de como os assuntos que dizem respeito à internet são tratados com grande rapidez.

    Rodrigo, teu senso de humor irônico quase me dá convulsões.... heheheh

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. A forma como o autor expôs o conteúdo abordado em aula foi bastante interessante e perspicaz. A internet é obra do trabalho de muitas pessoas (pesquisadores, hackers,...) que acreditavam nos objetivos do seu trabalho: possibilitar a difusão do conhecimento através de redes abertas a todos. Essa “política” permitiu o amadurecimento da internet e foi fundamental para a atual configuração da mesma. Fator extremamente importante para que hoje qualquer pessoa tenha condições para postar o que quiser na web, tanto produzindo quanto recebendo informações.

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  6. O caro colega Rodrigo Olsson estava totalmente equivocado quando chamou essa resenha de brilhante. Comparada com a minha e a do Leandro, a dele não passa de rascunho.

    Mas até que gostei dos videozinhos.

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  7. Eu fiz uma piada no meu comentário...

    Mas vocês são muito competitivos hein?

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  8. "Como a internet é aberta, os próprios utilizadores se convertem, então, nesses produtores e configuradores", acho essa parte da resenha a que mais define a característica da Internet, que consiste em ser constantemente aprimorada a partir de seus usuários. na verdade, a internet é formada pelos seus usuários, pois são eles que a configuram conforme ela é hoje, devido ao seu caráter de conhecimento coletivo. Achei a resenha bastante eficiente no que tange à explicação histórica, o que, no texto, tinha ficado um tanto confuso, devido ao grande número de nomenclaturas.

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  9. A idéia de cooperação e liberdade de informação (copyleft), desenvolvida pela ação conjunta de hackers, cientistas e centros universitários, para promover e favorecer a inovação, captura a essência da formação e do desenvolvimento da Internet (a qual não foi concebida com esse intuito pelos pesquisadores militares) e se manifesta na Wikipédia, um dos exemplos mais ilustrativos da arquitetura e dos protocolos abertos. Entretanto, a eliminação da concorrência, os direitos de propriedade e as falsas informações ainda são os aspectos negativos mais lembrados na hora de discutir a relação benefícios/prejuízos na web.

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  10. O texto está muito bem estruturado, com bons exemplos, que facilitam a compreensão. Bem interessante o tópico sobre as ações dos hackers e a difusão da internet: realmente, foi pela ideologia de divulgação da tecnologia de certas pessoas que hoje quase todos temos acesso à Internet.

    Ângela Camana

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